quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Vitória das comunidades do PEST na aprovação do PL nº 347/08




A maioria dos deputados e os representantes das milhares de famílias (mais de 35 mil pessoas) proprietárias de áreas no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro saíram vitoriosos da reunião conjunta das comissões de Constituição e Justiça, de Finanças e Tributação e da Agricultura, na manhã da última terça-feira, dia 16. A reunião aconteceu no auditório Deputada Antonieta de Barros, da Assembléia Legislativa, quando os deputados analisaram e aprovaram a tramitação do Projeto de Lei nº 347/08, enviado pelo governador Luiz Henrique da Silveira e que tramitou em regime de urgência.
O projeto define os atuais limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, fazendo uma reavaliação, e institui o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras do Massiambu. Vai entrar na pauta de votação do Legislativo no dia 5 de fevereiro do ano que vem. O PL também cria o FEUC (Fundo Especial de Regularização, Implementação e Manutenção do Mosaico).
Dos 40 deputados, apenas a bancada do PT (com seis parlamentares) e o deputado Sargento Soares (PDT) anunciaram que são contrários porque não concordam com a tramitação de urgência. Depois da aprovação pelas três comissões, e leitura do parecer favorável do relator da CCJ, deputado Marcos Vieira (PSDB), todos aplaudiram em pé o resultado obtido.

Deputados que votaram pela aprovação
do PL nº 347/08 nas comissões

Marcos Vieira (PSDB) - relator na Comissão de Constituição e Justiça
Joares Ponticelli (PP) – relator do PL na Comissão de Finanças
Reno Caramori (PP) – relator na Comissão de Agricultura
Romildo Titon (PMDB)
Herneus de Nadal (PMDB)
Odete de Jesus (PRB)
Gelson Merísio (DEM)
Jean Kuhlmann (DEM)
Moacir Sopelsa (PMDB)
Sérgio Grando (PPS)
Renato Hinnig (PMDB)
Elizeu Matos (PMDB)
Sílvio Dreveck (PP)

Deputados que votaram contra a aprovação
do PL nº 347/08 nas comissões

Décio Góes (PT)
Pedro Uczai (PT)
Dirceu Dresch (PT)
Sargento Soares (PDT)

Parecer do relator Marcos Vieira

A proposta do projeto de lei de origem governamental tramita na Assembléia Legislativa desde o dia 11 de novembro, em regime de urgência. Conforme o relator da matéria na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), deputado Marcos Vieira (PSDB), é preciso ouvir os anseios de uma população que está na iminência de perder suas propriedades, num processo que se arrasta há 33 anos.
No parecer que redigiu, Vieira fez um histórico de todo o processo relativo ao Parque. Explicou que a proposta do PL tem a finalidade principal de instituir o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambu, numa área de mais de 90 mil hectares, e que com isso se começa a resolver um problema sério, de profundas dificuldades relacionadas à regularização fundiária da área em questão.
Este parecer foi seguido pelos relatores das outras duas comissões: Joares Ponticelli (PP), de Finanças e Tributação, e Reno Caramori (PP), da Agricultura.

“Não imaginei, até já pedi desculpas pro Renato (Sehn), que eu fui candidato nesta eleição. Como não deram o parecer, eu também tava no processo (eleitoral) e acabei também não exigindo, também não solicitando.” (sic)

Esta frase foi dita pelo deputado Décio Góes (PT) durante a reunião do Fórum Parlamentar do Parque da Serra do Tabuleiro, que ele preside. O encontro aconteceu no dia 5 de dezembro de 2008, no Plenarinho da Assembléia Legislativa.

Justificava-se assim o deputado, perante os representantes das comunidades do Parque, pela falta de empenho no encaminhamento do projeto de recategorização da área – entregue somente nessa reunião. A declaração deixou revoltados os participantes do Fórum, que afirmaram nada ter a ver com a candidatura de Góes à Prefeitura de Criciúma.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Renato Sehn fala pelas comunidades no Fórum Parlamentar do PEST




Como legítimo representante das comunidades do Parque da Serra do Tabuleiro, o empresário Renato Sehn fez dois pronunciamentos na última reunião do Fórum Parlamentar, no dia 15 de dezembro. Com ele estiveram as comunidades de Guarda do Embaú, Pinheira, Casa Branca, Praia do Sonho, Vargem do Braço, Passagem, Praia do Sonho, Ponta do Papagaio, Paulo Lopes, Garopaba, Siriú, Gamboa, Morretes I, Morretes II, Pedras Altas e Enseada do Brito.

O primeiro pronunciamento ocorreu na abertura da reunião, que foi presidida pelo deputado Décio Góes, contrário à tramitação do PL 347/08, e teve a participação dos deputados Renato Hinnig (PMDB), Sérgio Grando (PPS) e Joares Ponticelli (PP), todos favoráveis à aprovação do projeto. Sehn fez um histórico da participação das comunidades em todo o processo pela recategorização da área do Parque. Veja o pronunciamento na íntegra:

“Como parte integrante de todo esse processo, iniciado em setembro de 2004, lembro que tudo nasceu com o movimento da recategorização. A intenção era a de acrescentar, e não a de disputar.

“Então, a recategorização começou naquela data, numa conversa com o promotor José Eduardo Cardoso, que disse que as comunidades estavam muito desalinhadas, que não tinham um projeto, apenas falácias e falácias.

“A partir dessa reunião, começamos a nos organizar, levando adiante o que era necessário, conforme o promotor nos informou. No dia 25 de novembro de 2004, houve a primeira reunião da recategorização, quando expusemos os problemas que estavam ocorrendo nas comunidades.

“Dezessete meses depois, após duas audiências com mais de 1.500 pessoas, é que surgiu, por interferência do então deputado Vanio dos Santos, a necessidade da criação do Fórum Parlamentar, para que a chama que vinha trazer solução para os problemas que se arrastavam há 30 anos tivesse voz e que pelo menos as comunidades tivessem alguém que as escutassem.

“A partir daí, o Fórum teve um grande papel. Permaneci participando dele durante todo o tempo e há que se resgatar que o movimento das comunidades pela recategorização está cumprindo quase 700 reuniões, entre comunitárias, políticas, técnicas e sociais, superando em muito todos os outros participantes de qualquer entidade.

“Fico um pouco apreensivo quando não somos nem sequer citados nesta reunião porque a representatividade se fará presente em outras reuniões, mostrando que o Fórum realmente fez o seu papel, mas ele tem que cumprir o seu papel com as comunidades todas.

“Quero fazer um resgate rápido dos trabalhos porque, a mesma ausência que sentimos aqui da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, nós sentimos de todos os órgãos aqui presentes nas duas audiências públicas feitas em Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça, no dia 5 de dezembro. O projeto poderia ter sido avaliado nessas duas oportunidades.

“Nós começamos a apresentar a proposta para a Fatma/STCP em abril, lá na SDS, quando as comunidades decidiram não aprovar a proposta da Fatma. Ali nós conseguimos conquistar uma posição do secretário Onofre Agostini, pedindo os dados que nós tínhamos produzido junto com a STCP e o Fórum para que pudéssemos criar a contraproposta. Assim é que foi estabelecido o Fórum: haveria uma proposta e nos responsabilizaríamos por criar uma contraproposta.

“Diversas tentativas foram feitas de agendar uma reunião, mas foram infrutíferas. Levaríamos a proposta de texto, então, para as oficinas, que aconteceram logo depois, em julho, no norte da Ilha de Santa Catarina. Durante todos esses passos, durante todas as reuniões, estivemos presentes. Só em duas eu não pude comparecer pessoalmente porque estava com problema de coluna e não pude viajar para a serra, mas tinha representante nosso lá.

“Nós, daquele dia em diante, tentamos apresentar o que foi determinado pela SDS junto à Fatma, fazendo uma proposta de consenso. Isso foi amplamente divulgado e gravado em todas as reuniões. Nós tentamos. Tivemos três reuniões. Mas só encontramos não, não, não queremos ouvir. A nós pareceu que nem a leitura correta da nossa contraproposta foi feita.

“No dia 9 de julho concluímos o trabalho. A apresentação da proposta foi em julho e agosto. Entregamos para as prefeituras de Paulo Lopes, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e Garopaba, SDS, Fatma, Procuradoria Geral do Estado e Promotoria Pública, Fórum Parlamentar do PEST, Governo do Estado, comunidades de Vargem do Braço, Morretes II, Baixada do Massiambu.

“Aliás, esse fato o deputado Décio Góes, que preside o Fórum, esqueceu de citar. No dia 1º de julho de 2008 nós fizemos, aqui nesta sala, uma apresentação da proposta.

“A entrega dos relatórios foi protocolada na Fatma em 26 de junho de 2008, na SDS, Procuradoria Geral de Justiça, Procuradoria Geral do Estado, Prefeitura de Palhoça em 30 de junho de 2008, ao Fórum Parlamentar do PEST em 1º de julho de 2008 e a Pousada Ilha do Papagaio, que recebeu também no dia 30 de junho e foi quem conseguiu custear esse trabalho.

“Acompanhamos a apresentação das propostas da STPC/Fatma. Fomos a todas as reuniões técnicas nos municípios que tinham a finalidade de fazer as propostas alternativas.

“Participamos das oficinas de trabalho dos municípios da região costeira, nos dias 21 e 22 e 24 e 25 de julho de 2008. Em todas essas reuniões tentamos dialogar e dizer que tínhamos uma proposta, mas não tivemos voz.

“Nas três reuniões de trabalho com a Fatma, realizadas com a direção e seus técnicos – na última somente participou o Alair (de Souza, chefe do PEST) – não tivemos sucesso e tivemos que interromper as negociações.

“Depois disso fizemos apresentações públicas do projeto Mosaico em Garopaba, Paulo Lopes, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz.

“Há de se convir que é bastante difícil um grupo de trabalho, que nasceu das comunidades, que brotou do problema gerado, que vem buscando uma solução, que tem quase 3 mil horas de reuniões, ser totalmente ignorado num trabalho técnico de qualidade que realizou.

“Lembro que fui lhe procurar eu seu gabinete, deputado Décio Góes, e lhe entreguei esse trabalho, e fui indagado por que não tinha feito isso antes. Respondi que era porque nem a Fatma, nem ninguém havia nos procurado para tentar debater. Nós não produzimos um produtinho de nada. Nós elaboramos um produto técnico de qualidade, onde usamos todos os trabalhos que saíram da Fatma e do STCP. Tudo foi aproveitado. Em dois meses, ninguém iria conseguir elaborar um relatório desses se não fosse assim. Então, nenhum dado foi jogado fora. Pelo contrário, foram utilizados, nos embasamos neles.

“E a partir daí, ninguém nos chamou sequer para trocar uma idéia sobre o assunto, a não ser naquelas reuniões que foram convocadas pela Fatma, que foram três: uma infrutífera, uma segunda que avançou e a terceira também infrutífera. Só estava o Alair. E os demais representantes, onde estavam?

“Não compreendo porque ninguém quer sequer discutir, entre todos os órgãos aqui presentes, uma proposta que já tramita há praticamente quatro ou cinco dias. A crítica é fácil, mas será que alguém leu a proposta atentamente? É legítimo o trabalho feito, calcado em cima dos povos que ali habitam e que estão sendo representados por mim. Se alguém duvida que essa representação existe, que venha ver amanhã, na reunião conjunta das comissões.

“Mesmo no final do ano, numa situação extremamente difícil, em que a economia traz até a possibilidade de gerar desemprego, vocês verão eco das populações aqui amanhã. Fico abismado de que, até hoje, não teve ninguém para reconhecer um trabalho tão digno quanto o que brotou do seio das comunidades.”

Prefeito de Paulo Lopes elogia governador


Volnei Adolfo Zanela, prefeito do município de Paulo Lopes, apesar de ser adversário político de Luiz Henrique da Silveira, que é do PMDB e ele do PP, elogiou bastante o governador durante a reunião do Fórum Parlamentar do PEST, realizada no dia 15, por sua iniciativa de enviar o Projeto de Lei nº 347/08 para a Assembléia Legislativa. Veja o que falou o prefeito, inicialmente dirigindo-se ao presidente do Fórum, deputado Décio Góes (PT):

“Quero dizer que eu vou sair daqui muito triste pela notícia que estamos recebendo, e com essa maneira de você, com todo respeito que tenho por “Vossa Excelência, dizer que o governador do Estado foi desrespeitoso com o senhor e com o Fórum. Quero lhe dizer que sou de outro partido, adversário do governador, daqueles ferrenhos, politicamente. Agora, eu quero dar os parabéns a ele. Se teve um governador que teve respeito por essa população que sofre há quase 34 anos, se chama Luiz Henrique da Silveira.

“A questão passou por tantos governadores, inclusive do meu partido, mas nunca um deles teve coragem de fazer o que o atual governador fez. Eu fico muito triste quando a Ana (Cimardi) e o Alair (de Souza) dizem que foram a Paulo Lopes e aos outros municípios para discutir o assunto e que nós concordamos com eles.

“Nós não concordamos com nada que vocês fizeram. Inclusive, quando da audiência em Canasvieiras, me levantei e fui embora, porque achei um absurdo o município de Paulo Lopes aumentar a área do Parque. Em vez de diminuir aí nesse processo técnico que vocês estão falando, aumentou.

“Então, como é que eu vou aceitar um negócio desses, como prefeito agora, e como cidadão, que vou ser a partir do dia 1º, quando acaba meu mandato? Não vou aceitar. E aí eu vejo que nós lutamos quatro anos, todos nós, eu e meus companheiros, brigando para que chegasse este momento, e aí vem a notícia de que vai voltar tudo à estaca zero.

“Fica para o dia 5 de fevereiro para ser votado o projeto de lei. Aí, no dia 5 não é aprovado porque tem que discutir o projeto. Dali, mais seis meses a um ano tem eleição para o governo do Estado. Não vai ser aprovado. E se o governador sair e terminar o mandato dele, nós não vamos aprovar nunca.

“E a Fatma leva esse tempo todo, para trazer o projeto hoje, um dia antes da votação pelas comissões? Quanto tempo está esse projeto para ser feito? Há uma verdade que eu acabei de ver. Atrasou o projeto porque o presidente do Fórum foi candidato a prefeito de Criciúma. O mesmo vai acontecer daqui a um ano. Vai parar tudo novamente porque a Assembléia vai estar envolvida em eleição – isso é da democracia.

“Quero pedir a vocês: vamos aprovar esse projeto e vamos discutir lá na frente. Se perdermos a oportunidade de aprovar em fevereiro, ele não será mais aprovado. Podem ter certeza.

Representante da Gamboa pede religação da energia elétrica


O proprietário de terras na Gamboa, Florentino Manoel Pereira, acredita que a Fatma só entregou o projeto encomendado sobre a área do Parque porque estava sendo pressionada pelas comunidades. “Tenho certeza de que a Fatma está entregando essa documentação hoje, esse trabalho, sob pressão, faltando um dia para ser votado pelas Comissões na Assembléia Legislativa”, disse ele.

Pereira lembrou que essa promessa da Fatma vem de 35 anos, desde a época do padre Raulino Reitz, que prometeu que em dois anos essa situação estaria resolvida.

“Em relação aos 500 metros que saíram da área em torno do Parque, foi prometido que, se trouxéssemos relatório para a Fatma das casas em questão seria religada a energia. Tem mais de 50 casas com pedidos que não foram atendidos. A Fatma simplesmente não deu nenhuma importância para esse assunto”, afirma o representante da Gamboa.

“Então, a comunidade pede para nós representá-los e estão cobrando uma definição. Não sei qual é o caminho que vai seguir esse novo projeto. Só pediria o seguinte: não quero ficar com 81 anos como está o meu pai e vir pra reunião da Fatma, do Fórum Parlamentar, das prefeituras e ver esta situação se alongar por todos esses anos. Espero, senhores, que tenham bastante carinho com essas comunidades, que estão passando sufoco”, concluiu.

Morador da Gamboa teve a casa lacrada


Ricardo Alexandre Silveira, morador da praia da Gamboa, esteve na reunião do Fórum para protestar. Ele lembrou que sua casa foi lacrada e que não pode nem chegar perto dela. “Não sou bandido”, afirma Ricardo, dizendo também que há uma falta de respeito muito grande nesse processo. “Estou sem poder entrar na minha própria casa, que construí com meu suor. Durante 30 anos trabalhei por aquilo que tenho em não posso entrar na minha própria casa porque estou impedido disso.”

“Não sei se é coisa mandada e não sou bandido como estão me tratando. Se não pararem com isso, eu vou arrancar todos os lacres e vou entregar na Palhoça para o promotor, doutor José Eduardo. E aí vou estender minhas mãos e podem me levar como bandido”, afirmou.

Representante do Massiambu considera medíocre projeto da Fatma


Bernardete Muniz, representando a Associação de Moradores da Bacia do Massiambu, acredita que está havendo algum equívoco em toda a discussão sobre o PEST. O que ela entende é que todos estão inviabilizados de fazer qualquer coisa. “Nenhuma comunidade pode ficar mais de 30 anos como refém de um projeto medíocre, ditatorial. Só quem entende isso é quem mora na região. Quem discute este problema normalmente não mora nessas comunidades, com a insegurança, com a falta de posto de saúde, de ponto de ônibus. Acessibilidade não existe.”

Bernardete, conhecida na comunidade como Bete, diz que não vê nenhum futuro para os filhos dos proprietários de terras incluídas na área do Parque. “Estamos reféns de candidaturas a prefeito, do aniversário da sogra, do aniversário da mãe. Mas o que nós precisamos é de respeito dos técnicos da Fatma. Ninguém está aqui contestando o que se gastou ou o trabalho feito. E aqui na Assembléia todos os parlamentares já tinham conhecimento desta questão. Não se façam de bobos, porque todos sabiam. Quando querem fazer as coisas, fazem. O GPS funciona para quem interessa.”

Direitos valem para uns e os deveres para outros


O representante da Associação de Moradores da Vargem do Braço, Francisco Muniz Martendal, considera que há muitas diferenças que precisam ser corrigidas. Ele pergunta porque o que vale para uns, não vale para outros.
“Estão falando muito que não se teve tempo para discutir o Projeto de Lei 347/08. Nós estamos há 33 anos sofrendo, tendo atingidos os nossos direitos, a nossa liberdade, o nosso bem-estar social. Quando é para se proibir alguma coisa, o tempo é de hoje para amanhã. Quando é para resolver o problema de uma comunidade, leva 10, 20, 30, 50 anos.”

Aplaudido pelos demais representantes que participavam da reunião do Fórum Parlamentar do PEST, Martendal indagou: “Qual é a diferença do tempo, entre uma proibição e um ato de solução? Na Vargem do Braço, a única área de lazer que a comunidade tem é o campo de futebol. No início do ano, tivemos uma audiência com o promotor José Eduardo Cardoso e ele disse que era preciso parar as atividades ali. Em outra audiência, deu prazo de um ano para que o campo de futebol seja fechado, porque ele está em cima de uma área que é do governo do Estado”.

A alegação do promotor foi a de fazer valer o direito de propriedade, no caso o governo do Estado. “Então, nós todos que estamos aqui, vamos também fazer valer o direito de propriedade e usufruir do que nós temos. Se fui eu que comprei ou se herdei o terreno, isso não interessa. O que interessa é que a pessoa é dona. Não interessa se ela vive daquilo ali, ou se tem para passar o fim de semana, descansar, tirar o estresse.”

Na Vargem do Braço, ele diz que todos estão trabalhando pelo projeto da APA. “Este Projeto de Lei 347 nós estamos vendo como uma luz no fim do túnel, para resolver os problemas que temos. Devemos buscar um consenso que diminua o maior número possível de problemas, pois sabemos que nenhum dos projetos vai resolver tudo. Cada localidade vive uma situação diferente. “O projeto tem que ser capaz de suportar as mudanças de comando no Estado, de prefeito e de governador.”

sábado, 20 de dezembro de 2008

Fórum recebe pesquisa encomendada pela Fatma

Na segunda-feira, dia 15, das 17 às 20h, realizou-se no Plenarinho da Assembléia Legislativa de Santa Catarina a última reunião do Fórum Parlamentar do Parque da Serra do Tabuleiro. Os temas tratados foram o PL nº 347/08 e a avaliação anual dos trabalhos. Também foi recebido documento em um volume, contendo a consultoria encomendada pela Fatma, através do PPMA (Projeto de Proteção à Mata Atlântica), sobre os limites da área do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

Apesar dos esforços do presidente do Fórum, deputado Décio Góes (PT), em derrubar o PL, de procedência do governo do Estado, foi consenso que ele é bom e viável.

Todas as ações do deputado na tentativa de excluir o projeto da pauta de votações resultaram infrutíferas. Até mesmo a indelicadeza de não chamar nenhum representante das comunidades para participar da mesa dos trabalhos não causou efeitos.

Pelo contrário, Góes teve de amargar ouvir verdades que estavam entaladas na garganta dos moradores da área há 30 anos, tempo que dura a discussão sobre a área.

Os outros deputados que participaram são Renato Hinnig (PMDB), Sérgio Grando (PPS) e Joares Ponticelli (PP), todos favoráveis ao PL.

Parque do Tabuleiro

A Assembléia Legislativa deu hoje mais um importante passo para regularizar a situação de mais de 30 mil famílias que há 33 vivem numa insegurança jurídica total. Nestas mais de três décadas está em vigor o decreto que criou o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Medida elogiável. Mas o governo nem desapropriou as áreas, nem regulamentou a situação das famílias que ali residem há anos.

Projeto de lei do Executivo foi relatado pelo deputado Marcos Vieira, do PSDB, que depois de várias audiências, estudos e pareceres, emitiu relatório que acabou sendo aprovado pelas três comissões: Justiça, Finanças e Agricultura. A Comissão do Meio Ambiente vai examinar a matéria no início de fevereiro. O projeto tramita em regime de urgência e será votado até 5 de fevereiro.

Durante a reunião conjunta das três comissões, com o auditório Antonieta de Barros, os deputados Décio Góes, Pedro Uczai, Dirceu Dresch, todos do PT, mais o deputado Sargento Soares, do PDT, foram alvo de sonoríssimas vaias. Eles são contra o projeto.

Segundo o relator Marcos Vieira, são criadas áreas de preservação permanente, áreas de proteção ambiental e regras para o manejo sustentável de extensas áreas em quatro municípios da Grande Florianópolis e do Sul catarinense.

Texto extraído do blog de Moacir Pereira
Terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Serra do Tabuleiro

O Projeto de Lei 347.3/2008, de origem do Executivo que reavalia e define os atuais limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, encerrará sua tramitação do ano legislativo catarinense com o aval das três principais Comissões Permanentes da casa: Comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Tributação, Agricultura e Política Rural da Assembléia Legislativa. A votação hoje de manhã foi acompanhada de perto por representantes das comunidades de entorno do parque. O resultado foi ovacionado.

Texto extraído do blog do Cacau Menezes
Terça-feira, 16 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Histórico

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro é a maior Unidade de Conservação de Proteção Integral de Santa Catarina. Seus 90 mil hectares (aproximadamente 1% do território do estado) protegem cinco ecossistemas do Bioma Mata Atlântica: restingas, manguezais, florestas de encosta, mata de araucárias e campos de altitude.

Além disso, ilhas, praias, planícies e montanhas estão distribuídas entre os nove municípios abrangidos pelo Parque: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes. Engloba ainda as ilhas de Fortaleza/Araçatuba, do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta sul da Ilha de Santa Catarina.

Além do elevado valor ecológico e paisagístico, a área tem uma grande importância socioeconômica por possuir mananciais, rios e córregos, que fornecem água potável para centenas de milhares de habitantes da Grande Florianópolis e também um ambiente privilegiado para atividades de pesquisa, educação ambiental, lazer e turismo. Mesmo tendo sido criado há mais de 30 anos pelo Decreto nº 1.260/75, o Parque do Tabuleiro ainda não foi efetivamente implantado, já que as propriedades não foram indenizadas. Faltam demarcação física, plano de manejo e conselho gestor. Muitos problemas e conflitos ocorreram nas últimas décadas.


Com isso, surgiram diversos movimentos e propostas de solução. Em 2005 iniciou o “Movimento pela Recategorização”, visando a transformação da zona costeira do Parque e entorno em uma APA (Área de Proteção Ambiental). Devido à dimensão assumida pelo embate em torno do projeto, a Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina criou, em abril de 2006, o Fórum Parlamentar Permanente do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, composto inicialmente por 11 deputados e coordenado pelo então deputado Vanio dos Santos (PT), com relatoria de João Henrique Blasi (PMDB).

A partir do Fórum formou-se um grupo de trabalho com representantes do Movimento da Recategorização, Fatma (Fundação do Meio Ambiente), Procuradoria Geral do Estado, Assembléia Legislativa e entidades ecologistas, contra e a favor da recategorização. A finalidade foi a de construir um conjunto de propostas e solução para os principais conflitos e problemas existentes. O grupo de trabalho realizou uma série de reuniões com representantes de órgãos e instituições relacionadas ao problema e à implementação das ações, além de mobilizar perto de 1.500 pessoas nas localidades costeiras da Unidade de Conservação.

Riqueza desperta interesses

Na planície costeira do Massiambu observam-se cordões semicirculares arenosos de restinga, que são como impressões digitais do recuo das águas durante o período quaternário. Entre os onze habitats principais identificados em estudo recente do Banco Mundial e Fundo Mundial para a Natureza (WWF), realizado na América Latina e no Caribe, cinco ocorrem no Tabuleiro: Mata Atlântica (florestas tropicais úmidas de folhas largas), floresta de araucárias (coníferas tropicais), manguezais, restingas e campos de altitude.

A maior parte do Parque tem cobertura de Mata Atlântica, considerada pelo estudo como de máxima prioridade regional para a conservação da biodiversidade. Ao mesmo tempo, a Serra do Tabuleiro integra lista dos habitats naturais críticos.


O Parque tem vegetação variada, reunindo cinco das seis composições botânicas do Estado. Começa no litoral, com a paisagem da Restinga, sobe a serra, alcançando o planalto em meio à vegetação dos pinhais, passando, nessa transição pela Floresta Pluvial da Encosta Atlântica, vegetação da Matinha Nebular e os Campos de Altitude da chapada da serra.

Entre a vegetação formam-se rios e córregos que serão responsáveis pelo fornecimento da água potável utilizada pelos moradores de toda Grande Florianópolis. O Parque abriga a Bacia do Rio Massiambu, desde sua nascente, sendo constituída por pequenos rios formados no local, desaguando no mar.

Toda essa riqueza tem despertado o interesse de muitos e gerado investimentos como o que foi feito pelo banco alemão KFW em projetos que mantém com a Fatma. Depois de quatro anos de debates e reuniões que envolveram as comunidades locais, no início de 2008 foram apresentadas duas proposições que pretendiam solucionar de uma vez por todas as questões do PEST. Uma é da Fatma, em conjunto com o Fórum Parlamentar e STCP (na prática, uma proposta do banco alemão KFW), e a outra é para a Desanexação ao Norte da BR-101.

Nenhuma das propostas é compatível com os anseios de centenas de pessoas cujas famílias são proprietárias de terras dentro do Parque, algumas há mais de 150 anos. Assim, essas pessoas atingidas à revelia por projetos que não contemplam a realidade social também elaboraram sua proposta, um terceiro canal de comunicação, denominada Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras do Massiambu (CONHEÇA O MOSAICO), que foi acolhido pelo governador do estado, Luiz Henrique da Silveira, e resultou na elaboração do Projeto de Lei nº 347/2008 que está em tramitação na Assembléia Legislativa e deve entrar na pauta de votação no dia 5 de fevereiro de 2009.